O assunto começou a surgir no Brasil em 2011, quando o tal Social Commerce (ou F-commerce) prometia chegar com tudo na rede social e alavancar as vendas online de empresas de todos os portes.
Porém, passados quase dois anos desde que as primeiras plataformas de lojinhas virtuais dentro do Facebook surgiram, vem a pergunta: funciona mesmo?
Fui testemunha da implantação e funcionamento desse tipo de loja virtual em Fan Pages de alguns dos clientes da CMarketing. Claro, todas micro e pequenas empresas. A princípio, colocar uma lojinha no ar é muito simples: escolhe-se a plataforma, coloca-se os dados da empresa, cadastra-se os produtos com informações, fotos, preços e estoque, decide-se pela implantação ou não de descontos para fãs e, pronto, já pode começar a vender.
Parece promissor mesmo, se considerarmos o público gigantesco que frequenta as redes sociais hoje e a facilidade que temos de divulgar as páginas, através dos links patrocinados do próprio Facebook. Mas a realidade é bem diferente.
Acredito que, ao contrário do que muitos profissionais comentam por aí, o principal empecilho para a compra nesse tipo de e-commerce é a entrada no aplicativo. Ainda que a pessoa veja um produto anunciado do seu interesse, com um preço incrível, só vai conseguir comprar esse item se autorizar o aplicativo em seu perfil. E aí o pânico se instala!
Aquela mensagem que é padrão em todos os aplicativos do Facebook, dizendo que a pessoa autoriza tal programa a utilizar seus dados, trava muita gente a continuar e a desistência é bem comum nessa fase. Além de ouvir depoimentos de pessoas sobre isso, e alimentar ainda mais minha certeza, para quem ainda tem dúvidas basta pensar naquela ferramenta para sorteios, chamada Sorteie.me. Quantas pessoas esclarecidas, acostumadas a navegar em todos os tipos de mídias sociais, já travaram e desistiram de participar de alguma promoção na hora de autorizar o aplicativo? Perdi as contas…
Outro ponto que acredito ter sido fundamental para esse fiasco das lojinhas no Face, é a questão da privacidade mesmo. Não só os dados de cartão de crédito, mas os produtos comprados, tudo gera receio, já que o objetivo número um da rede social é o compartilhamento de conteúdo e a interação entre pessoas.
Dois exemplos que ilustram bem essas questões:
1. Lojinha virtual de lingerie e artigos de sex shop – Colocamos no ar, cadastramos as informações de produtos da forma mais completa possível, divulgamos na página da cliente. As pessoas curtiam, adoravam, comentavam…mas não compravam. O medo: comprar itens desse tipo e ter seu pedido exposto no feed de notícias! Algo do tipo: Parabéns, sua compra foi realizada com sucesso (e a foto do tal produto na linha do tempo). Já pensou no constrangimento? Lógico que isso não acontece, a menos que a pessoa entre na lojinha e curta ou compartilhe (por escolha própria) algum produto, mas pedido feito, é sigilo mesmo.
2. Lojinha virtual para manter as vendas durante mudanças no e-commerce tradicional – A cliente precisava atualizar a loja virtual tradicional e por conta dos erros, resolvemos divulgar só a lojinha do Face durante uma semana, enquanto a primeira era corrigida. Colocamos descontos bem especiais para fãs, pois sabíamos que isso atrairia boa parte do público, criamos kits, enfim, todo tipo de apelo. Foram dias de muitas curtidas, mas nenhuma compra. O problema? O aplicativo “invasivo”. Algumas pessoas resolveram ir até a loja física garantir as condições especiais, outras simplesmente desistiram e aguardaram pela loja tradicional voltar ao ar, mesmo perdendo os descontos.
Outros pontos que dificultam um pouco para que esse tipo de aplicativo estoure mesmo, são as poucas possibilidades de personalização da lojinha, e até a facilidade de qualquer tipo de negócio fazer vendas naquele ambiente. Empresas pouco conhecidas, produtos de qualidade duvidosa, tudo isso interfere na credibilidade e acaba tornando tudo digno de desconfiança.
Por fim, a grande vilã desse desastre virtual tem nome e sobrenome: falta de informação.
É bacana, as compras podem ser realizadas de forma tranquila, com sigilo, sem problema algum, como uma loja virtual tradicional. Mas as dúvidas são tantas que acabaram por neutralizar (para não dizer destruir) o que poderia ser uma ferramenta maravilhosa de marketing, especialmente para os pequenos negócios. Agora é esperar para ver a próxima novidade do Facebook…
Cláudia Mello – claudia@cmarketing.com.br
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